17 de set. de 2010

POR QUE PARTICIPAR

A teoria é de Abraham Maslow e acha-se descrita em milhares de páginas no território livre da internet. O que interessa aqui é a passagem das necessidades fisiológicas e de segurança para as necessidades sociais e de estima. Por que nesta passagem “o bicho pega”?

No meu entender, a resposta é simples: nós podemos satisfazer às nossas necessidades fisiológicas e de segurança, basicamente, com o nosso próprio trabalho, isto é, praticamente não dependendo de ninguém para realizá-las. No que se refere às necessidades sociais e de estima, contudo, a nossa gratificação se contrabalança com o exercício de “engolir sapos”.

E impossível satisfazê-las isoladamente. Desse modo, a gente descobre que tem tudo (família, casa, carro, plano de saúde, etc.), ou seja, que nossas necessidades fisiológicas e de segurança estão satisfeitas, mas não nos sentimos felizes. Obviamente, é impossível ser feliz sozinho. Para meu uso particular, em minha filosofia de botequim, trabalho com a hipótese de que as coisas funcionam dessa maneira, porque, como disse o verdadeiro filósofo, “não se aprende na fantasia”: nos relacionamentos, somos forçados a “engolir sapos”, a fim de que nos transformemos e, desse modo, vamo-nos aperfeiçoando até que um dia tenhamos condições para retornar ao Pai.

Mas o que isso tem a ver com Plano Diretor? Plano Diretor é participação e participação é também “engolir sapos”: ver os seus pontos de vista contestados, não poder impor a sua própria vontade, ser forçado a rever os seus conceitos, etc.

Certamente, relacionar com pessoas é a melhor – quem sabe, talvez a única – forma de crescermos como seres humanos e espirituais. Li e estudei, mas cabei acordando para o fato de que, apesar de extremamente úteis como referenciais, os livros (inclusive a Bíblia) não têm vida, portanto, não reagem e não têm o poder de contestar e irritar o Anacleto, “que só usa dez por cento de sua cabeça animal”, mas “ainda acredita que é um doutor, padre ou policial, e que está contribuindo com sua parte para o nosso belo quadro social” (Fala Raul!). É nas relações sociais e de estima que nosso eternamente vaidoso EGO se destaca. E estou certo de que, quanto mais estivermos no EGO, menos estaremos em nosso Cristo Interior (2 Cor 13,5).


NECESSIDADES FISIOLÓGICAS: Referem-se à sobrevivência (alimentação, abrigo, sexo, etc.).

NECESSIDADES DE SEGURANÇA: É em razão dessas necessidades que nos preocupamos em ter uma casa própria, um plano de saúde, etc.

NECESSIDADES SOCIAIS: Compreendem as necessidades de amor, afeto, amizade, associação, participação, aceitação pelo grupo, etc.

NECESSIDADES DE ESTIMA E STATUS: Estão relacionadas com autoconfiança, aprovação social, respeito, independência, confiança perante o mundo, etc.

NECESSIDADES DE AUTORREALIZAÇÃO: Vamos considerá-las como algo semelhante ao Reino de Deus de Jesus Cristo ou à iluminação do Buda!

José Anacleto de Faria